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Devo me preocupar com o meu exame de imagem?

  • Foto do escritor: Pedro Fonseca
    Pedro Fonseca
  • 2 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

Na área ortopédica, ou seja, em pacientes com queixas musculoesqueléticas, os exames de imagem (ultrassom, ressonância magnética, raio-X, tomografia computadorizada, etc) podem ser solicitados em duas situações: para investigar a presença de uma patologia grave ou para confirmar um diagnóstico como causa da dor (ex: ruptura de um tendão como causa de dor no ombro).

A utilidade desses exames no diagnóstico de doenças e lesões agudas é indiscutível e não será abordada. Por outro lado, o uso dessa ferramenta na identificação da causa da dor tem levantado algumas questões sobre sua eficácia e aplicabilidade.

DANO TECIDUAL x DOR

Desde a década de 90 uma série de artigos científicos têm buscado responder uma pergunta: “Como estão os exames de imagem de pessoas assintomáticas?”. Para isso, indivíduos que não possuem dor em determinada articulação são colocados, por exemplo, em máquinas de ressonância magnética. Esperava-se que, se essas pessoas não tinham dor, seus exames estariam “limpos”. Mas, surpreendentemente não foi o observado. Veja alguns exemplos:

Como vimos nos exemplos acima, é possível ter degeneração ou lesões teciduais e ser assintomático. Ou seja, não é possível afirmar que uma hérnia de disco, uma artrose ou uma tendinopatia são a causa da dor apenas pelas imagens.

A partir desses estudos, faço três reflexões:

  1. Até que ponto essas alterações não representam uma mudança natural, decorrente do processo de envelhecimento?

  2. Sabemos que essas alterações ocorrem com o tempo e não de um dia para outro. Ou seja, se fizermos duas imagens da coluna de um mesmo indivíduo dentro da mesma semana os resultados serão os mesmos. Então como explicar a variabilidade dos sintomas ao longo de um dia?

  3. Se essas anormalidades não confirmam, muito menos excluem a causa de dor crônica, por que são realizadas com tanta frequência?​​ Para piorar, essa abordagem baseada na estrutura corporal “anormal” tem sido relacionada a um pior prognóstico para o paciente (Graves JM, et al. Spine 2012). Ouvir de um profissional da saúde que há um desgaste severo no joelho ou que há uma degeneração na coluna causando a sua dor, provoca um efeito nocebo no paciente. Isto é, um efeito negativo (ex: aumento da dor e da incapacidade) como resultado de uma informação falsa.

A reabilitação de uma pessoa com dor, não pode ser limitada ao resultado do exame. Nós não tratamos artrose ou hérnia de disco. Tratamos o paciente com dor no joelho ou na coluna, que tem suas particularidades e limitações, apresentando ou não alterações na imagem. Cada indivíduo precisa de uma abordagem terapêutica diferente e apenas uma avaliação detalhada é capaz de identificar qual será.

O texto que você acabou de ler reflete uma opinião pessoal do autor, baseada em evidências científicas. A interpretação dessas informações é de sua inteira responsabilidade. Uma avaliação completa, realizada por um profissional da saúde, é a forma mais segura de garantir recomendações específicas para cada indivíduo.

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